19/10/2012 11:59
Aproveitar a estrutura de irrigação do arroz na rotação de culturas foi a proposta defendida pelo pesquisador do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Sérgio Gindri Lopes, no Seminário Internacional Água, Irrigação e Alimentação, promovido pelo governo do Estado, em Porto Alegre. Lopes lembrou que 97% da estrutura de irrigação implantada no Estado está em áreas de várzea.
“Estamos buscando, na Metade Sul, novas alternativas de produção às tradicionais pecuária e arroz irrigado – que são fundamentais para a economia do Estado, mas enfrentam crises frequentes, por questões de preço e falta de água em anos de El Niño.” Lopes explica que os órgãos de pesquisa e o governo do Estado vislumbram quebrar esses ciclos com a introdução de um Sistema Integrado de Produção, onde o produtor tenha alternativas de cultivos mais viáveis em situações de restrição de água, como é o caso da soja e do milho, que demandam 30% menos água do que o arroz irrigado. “O produtor poderá manter a mesma área com uma cultura também rentável”, disse.
O pesquisador do Instituto Nacional de Investigação Agropecuária do Uruguai, Diego Giorello, mostrou a experiência do país vizinho no cultivo irrigado de pastagens e os resultados obtidos na produtividade da pecuária. Para ele, a realidade de seu país deve servir de exemplo para o agronegócio gaúcho. A realidade da produção orizícola no Rio Grande do Sul é diferente de muitos países. Porém, o professor Merle Anders, da Universidade de Arkansas, destacou que os agricultores do Brasil e dos EUA enfrentam o mesmo desafio: reduzir o consumo de água no cultivo de arroz. “Nos EUA, a água que irriga o cultivo é retirada do subsolo. Há mais de 30 anos registramos que a cada ciclo a quantidade de água que conseguimos trazer para a superfície diminui. Então, é preciso encontrar formas de se reduzir o uso de água na lavoura para que isso não vire objeto de disputa social”, defendeu.