27/08/2014 8:38
Após confirmar suspensão de 15 dias nas exportações de carne bovina, o governo argentino decidiu restringir também a saída de leite em pó. De acordo com a Secretaria de Comércio Interior do país, a decisão visa garantir o abastecimento doméstico e causar menor impacto na inflação. Estimativas oficiais apontam que os valores de ambos os produtos registraram alta de 50% desde o ano passado.
Entre janeiro e julho de 2014, o Brasil comprou US$ 57,3 milhões de leite em pó argentino, além de US$ 20 milhões de soro de leite, subproduto utilizado na fabricação de alimentos. A medida, no entanto, não prejudica o mercado nacional, segundo entidades do setor. Para Darlan Palharini, secretário executivo do Sindilat/RS, a medida pode, inclusive, ser benéfica ao produtor brasileiro. “O problema é maior quando existe muita importação da Argentina a preço baixo, o que desestimula a nossa produção local”, explica. Enquanto na Argentina o setor teve queda de 3,2% nos últimos 12 meses, no Brasil o aumento foi de 8,9%, no mesmo período, atingindo os 32,3 bilhões de litros.
O protocolo argentino exige que se formalize um pedido de permissão para exportações, o chamado ROE. De acordo com o jornal Clarín, o governo não vai liberar permissões para valores abaixo de US$ 4 mil por tonelada de leite em pó, o que equivale quase ao total das exportações atuais. Ernesto Krug, presidente da Associação Gaúcha de Laticínios (AGL), vê o país vizinho como o maior prejudicado pela decisão. “A medida freia ainda mais o produtor argentino, que já sofre com a baixa produção atual”, aponta Krug.